O sujeito está numa grande livraria cheia de gente. Ele pega um livro qualquer, ao modo específico hesitante de quem busca um acidente equilibrado; por um lado o desejo, pelo outro, ir embora de mão e mente vazia.
A capa é inteira azul, de um mesmo tom. O título em letras brancas, Times New Roman. Há mais de cinco minutos que espera que vague alguma das poltronas que ficam entre as estantes. Agora ele vai e senta e abre o livro, e logo na segunda página, ou na terceira, passados os detalhes editoriais, há uma nota introdutória de poucas linhas na parte de baixo da folha, em itálico, e nada mais. Diz: "se ainda existe no mundo alguém que leia só pelo prazer - ou até mesmo por acidente - peço a ele ou ela, com indizível afeto e gratidão, que divida em quatro partes iguais a dedicatória deste livro com minha mulher e meus dois filhos."
Decide comprá-lo, e sai da livraria. Ele chega num quarto onde há um grande ar condicionado feito inteiramente de madeira, deita o livro no chão e se deita na cama por cima das cobertas, sem tirar os tênis.

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