fragmentos de peixes e costelas de não ter mais jeito

O teto sendo um teto de ferro faz com que minha danificada sensibilidade encubra o terreno fértil dos oceanos para além do meu contato latejante. O alaska.

O peixe palpita para além da costela, o ritmo é extraviado; num susto fino e afiado, alguma coisa estava por um triz.

Por que isso depois que cresci de as coisas não parecerem simplismente livres que existem, mas tudo que conheço como que trancafiado entre celas? A morte da liberdade? ou um problema clínico?


Engraçado como tenho a forte impressão de que o momento em que vivo é sempre tangível com alguma outra época de minha vida; um tipo de sensação que volta como num estranho e indefinido ciclo.


me tange na agulha do tempo
uma chuva passada. E desse instânte em que tudo
tenho, num eterno procede, procede
não me resta nada.

me tange na agulha do tempo
uma chuva passada. Com ela uma torrente de
água, nuvem nublada, e peixes
de outrora.

me tange na agulha do tempo o úmido
da chuva passada. Não só o úmido da chuva
mas todo o úmido em volta dela,
que volvia em torno dela.

parece que o céu congelou de azul no
feto da noite. Imenso céu.
um avião sobe o primeiro lance
de nuvem

navega então num céu de Júpiter, na
noite azul fria de Júpiter, onde venta vento
cristalino e nada é quente, nem terno, nem abafado
tudo é uma cilada do ar vago
e solúvel
tudo é fresco

de não ter mais jeito.




(11/02/10)

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